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domingo, 23 de março de 2014

Prof. Dr. José Leite Jr. - Palestrante Dia 26/03/14 - Encontros Literários Moreira Campos

José Leite de Oliveira Jr. (nome artístico Jozefo Lejĉ), nasceu em Fortaleza em 13 de junho de 1959. Cedo foi morar no Rio de Janeiro, onde estudou do ensino fundamental ao médio. É ex-aluno do Colégio Pedro II. Possui Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (1983), mestrado em Letras pela Universidade Federal do Ceará (1992) e doutorado pela Universidade Federal da Paraíba. É docente da Universidade Federal do Ceará. Áreas de atuação: Literatura Portuguesa, Literatura Comparada, Semiótica, Literatura e Pintura, Literatura e Ensino, Interlinguística, Tradução, Esperantologia e Pintura. Participa do SEMIOCE e coordena os grupos Literatura e Visualidade e Literatura e Ensino, pelo Departamento de Literatura. De 2006 ao início de 2014, coordenou o Curso de Esperanto da Universidade Federal do Ceará. Redator das revistas eletrônicas Interlingvistika Revuo e PACO.

FORMAÇÃO E ATUAÇÃO ACADÊMICA

Em 2009, defendeu a tese de Doutorado, na Universidade Federal da Paraíba, intitulada O pictórico na poesia caboverdiana: dos Claridosos a Kiki Lima. O professor nos informa que “para objeto de pesquisa escolheu-se a pintura e a poesia de Cabo Verde, objetivando-se esclarecer a seguinte questão: A obra pictórica de Kiki Lima relaciona-se com a histórica revista Claridade? A revista Claridade somou apenas nove números (1936 até 1960). No entanto, em torno da revista os escritores chamados "Claridosos" discutiram a tipologia cultural de Cabo Verde e influíram na decisão pela independência desse país.”
Em 1992, na Universidade Federal do Ceará, com a orientação do professor Luiz Tavares Junior, defendeu a dissertação de Mestrado O Pictórico em Luzia-Homem.
Professor Luís Tavares Júnior nos esclarece que o palestrante é “conhecedor das técnicas e processos da pintura, do emprego das cores e de aspectos teóricos do desenho, das características adquiridas em épocas diversas, como pintor que também é, Leite Jr., sentiu-se à vontade, moveu-se desenvoltamente em seu elemento, em dissecar o romance de Domingos Olímpio, desfazê-lo em seus componentes mínimos, para recompô-lo em um grande painel pictural, com Luzia, na parte central, varonil e feminina, exposto ao olhar do leitor, a partir de então iluminando e advertido dos novos horizontes  percorrer na narrativa de Luzia-Homem” (apud OLIVEIRA Jr., 1997. p.11).

Atualmente, além do Curso de Esperanto, o professor Leite Jr., está com duas pesquisas principais: uma é a relação entre pintura e literatura na obra de José Saramago e a outra é o ensino da Literatura. Em breve, o professor abrirá um grupo de estudos para cada tema.



LIVROS PUBLICADOS/ORGANIZADOS OU EDIÇÕES:

Palestra 26/03/14: Temas e figuras no conto de Moreira Campos.

Palestrante:  Prof. Dr. José Leite Jr.

Resumo da Palestra

      O grande tema do conto de Moreira Campos é a dignidade humana colocada em prova, segundo a oposição fundamental entre a vida e a morte. Esse tema (ou valor) é revestido pelas mais diversas figuras, que a Semiótica greimasiana, mais especificamente na semântica discursiva, entende como formas de sugestão da realidade, podendo elas ser a representação de pessoas, animais, objetos, cenários, referências espaço-temporais e mesmo formas de enunciação (quem fala, onde, quando e para quem), enfim, tudo aquilo que, segundo uma estratégia discursiva, induza o enunciatário a assinar seu contrato no jogo da ficção.
       Esse grande tema – a dignidade humana em jogo – ganha uma feição particular a cada conto. O machismo, a mediocridade, a perversão sexual, a violência, dentre outros subtemas transformam-se em percursos temáticos (permanência de uma valor ao longo do texto), por sua vez recobertos por percursos figurativos. Em "Lama e folhas", por exemplo, o subtema do machismo se configura na personagem, um pai de família que relata as etapas de um percurso de conquistas desonestas e opressivas que culmina na morte do filho.
      Em relação às personagens, ressaltam-se aquelas do núcleo familiar, ou seja, o marido, a esposa, os filhos e as pessoas que trabalham em casa. Não deixa de haver referências a tipos como o padre, a freira, o beato, o policial, mas de alguma forma eles acabam interferindo no equilíbrio moral da família. 

Encontro - A Arte de Contar Histórias


Com narração de Dôra Guimarães e Tiago Goulart.
Professora: Dôra Guimarães.


Graduada em Letras e Psicologia, Dôra iniciou-se na arte de contar histórias com o grupo venezuelano “Em Cuentos y Encantos”, em curso realizado, em 1990, pela Livraria Miguilim, de Belo Horizonte. A partir de então, vem pesquisando e preparando textos, realizando oficinas Conta-Contos para formação de novos contadores – entre outros o grupo Contadores de Estórias Miguilim, de Cordisburgo, do qual foi fundadora com a Dra. Kalina Guimarães em 1996 – e fazendo apresentações de narração de histórias em bibliotecas, museus, escolas, teatros, congressos etc.
Participou, como coordenadora e contadora, no projeto “A Quinta das Histórias” realizado em parceria com a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. Integra o grupo “Tudo era uma vez” de contadores de histórias, do qual foi uma das idealizadoras e, atualmente, participa da Oficina de Cultura – um programa da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, em parceria com o Ministério do Trabalho/Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Tiago Goulart foi dos primeiros miguilins, atualmente faz faculdade de desenho industrial, mas continua narrando Guimarães Rosa para despertar nos jovens o gosto pela leitura.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Ode ao contista Moreira Campos - Linhares Filho

Ode ao Contista Moreira Campos
Para D. Maira José Alcides Campos

1. Contigo, que sabes os ingredientes da fala 
e os segredos da alma, aprende-se
a expressão contida e a ocultação da lágrima.
O sóbrio está em ti
Desde o tom da voz aos teus escritos.
Das palavras conheces a cor e o cheiro,
A dimensão e a profundeza.
Ao nos aproximarmos de ti,
Desconfiamos que o nosso tique
Ou a nossa frase manca
Não vão parar na pele de um teu personagem,
Porque, atrás da lhaneza, está o ser profundo
Com o olhar vesgo, mas sábio,
Com que contemplas o mundo.
Andas à busca da chaga
Conhecida ou imprevista,
Mas és sobretudo um bom,
A vestir a casaca do Demônio.
Tuas histórias nos inquietam,
Até sentirmos pena de nós mesmos,
coparticipantes da sofredora espécie.
Há uma grandeza, entanto, na denúncia
da nossa condição, que é como escória.
Por isso queremos ouvir-te
sempre mais uma história.

2. Penso que foi à rede, em dias calmos e distantes,
que começaste a decifrar o homem,
reparando nos hieróglifos
das carnaúbas da telha-vã.
O gnomo ali terá impresso
com desenhos  disformes, estranhos,
toda a tragédia dos viventes,
que, sob aqueles tetos,
amem ou desamem,
sofram e se movimentem.
Na verdade, existe uma hora
em que lama e folhas, folhas e lama
é o que a vida nos oferece
em resposta à nossa fraca esperança.
Sabes que há instantes
em que nada resta fazer,
só esmagar uma caixa
de fósforo ou um cigarro...
E outros em que, feridos, procuramos
um cigarro no bolso e já não o encontramos...
E se uma fenda para alguém se abre
Minúscula como aquele
Buraco de fechadura
(e como dói precisar de uma fenda!),
por onde a alma se vai toda infiltrando,
ouvem-se ruídos ou
abre-se, de repente, a luz da área.
Mais que no chão, no peito fica apenas
uma imensa e invisível mancha de álcool...

3. Concedes tu, que não te enganas,
embora tendo o lírico no âmago,
reencontrar a outra face da cidade,
em que o universo mais se te espelhou.
Regressemos a Lavras.
A fábrica já não pegará fogo,
e eu já não sofrerei a aluvião
que parte me arruinou a meninice.
Libertaremos a sombra do Preso
e faremos sarar as dos Estranhos Mendigos.
À margem do Salgado espera uma canoa,
a água está serena, a infância redivida,
redescoberto o mundo antigo.
As mesmas pedras sobre pedras,
a terra é boa e se limpou de sangue:
dilúvio não caiu, não houve destruição.
(Esta terra é toda vale válido;
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo.)
Cultivemo-la em sonho. Frutos brotarão.

LINHARES FILHO. In: Voz das coisas. 1979.




Carta para Moreira Campos lida por Linhares Filho na abertura dos Encontros Literários

Para visualizar a carta em tamanho maior, basta clicar na imagem. Boa leitura!






Encontros celebram obra de Moreira Campos


Com abertura hoje, os Encontros Literários Moreira Campos retomam suas atividades, a partir das 18 horas, na UFC

Quando o contista Moreira Campos (1914-1994) idealizou os “Encontros Literários” em meados dos anos 80, na Universidade Federal do Ceará (UFC), tinha em mente a realização de um “curso de literatura para o povo de Fortaleza”. Essa é a ideia que ocupa o pensamento dos atuais organizadores dos “Encontros Literários Moreira Campos”, que retomam suas atividades, hoje, a partir das 18 horas, no auditório José Albano, do curso de Letras.

Em 2014, os Encontros festejam o primeiro centenário do mestre contista, autor de O puxador de terço, Os 12 parafusos e Dizem que os cães veem coisas. Segundo a professora Odalice de Castro, uma das organizadoras, os 20 encontros programados para este ano prestam homenagem ao escritor. O crítico literário Linhares Filhos abre a temporada de conferências sobre Moreira Campos. “Estaremos em volta de Moreira e, mesmo quando o tema abordado não se relacionar diretamente a ele, será em sua homenagem”, afirma a professora, que destaca ainda a participação de Acervo do Escritor Cearense da UFC como parceiro dos Encontros.

Para a pesquisadora das literaturas brasileira e portuguesa, o primeiro centenário de Moreira Campos é um momento importante para uma releitura da obra do contista, que publicou seus primeiros contos no fim da década de 1940, no Rio de Janeiro, e encerrou sua produção literária no início dos anos 1990, com a sua morte. De acordo com Odalice de Castro, Moreira Campos seguiu outros contistas de sua época marcados pelas contingências regionais, mas destaca que a influência dos escritores russos predominou na obra do cearense. “É possível verificar, na sua produção literária, fontes de cunho universal, como Machado de Assis e Graciliano Ramos, mas foi a literatura russa que proporcionou a universalidade da obra de Moreira Campos”, observa a professora. Ela atesta que, embora Moreira não tenha se desvencilhado de suas raízes, aborda em seus contos as grandes temáticas que envolvem as questões humanas, tais como a infância, a morte, a velhice.

A retomada dos Encontros Literários, desde 2012, é marcada pela apreciação da literatura e de autores brasileiros no formato de conferências semanais e inclui discussões sobre artes plásticas cearenses.

SERVIÇO

Abertura dos Encontros Literários Moreira Campos
O quê: conferência de Linhares Filho
Horário: hoje, a partir das 18 horas
Onde: auditório José Albano, no curso de Letras da UFC
Inscrições: encontrosmoreiracampos@gmail.com

Notícia disponível em: http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2014/03/12/noticiasjornalvidaearte,3218673/encontros-celebram-obra-de-moreira-campos.shtml

sexta-feira, 7 de março de 2014

Conferência de abertura do 1° Centenário de Moreira Campos - Palestrante: Prof. Dr. Linhares Filho.


O Poeta, Ensaísta e Professor Linhares Filho

Linhares Filho, [José], nasceu em Lavras da Mangabeira (CE), em 28/02/1939. Poeta e ensaísta. Professor Titular de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Ceará. Mestre em Literatura Portuguesa pela UFRJ e Doutor em Letras Vernáculas (área de Literatura Portuguesa) pela mesma Universidade. Membro Efetivo da Academia Cearense de Letras desde 1980 e da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro. Sócio da Associação Internacional de Lusitanistas [AIL] e da Associação Brasileira de Literatura Comparada [ABRALIC]. Coordenador da Casa de Cultura Portuguesa da UFC (1991). Coordenador do Curso de Pós-graduação em Letras da UFC (1993). Professor Visitante na Universidade de Colônia (Alemanha, 1995) e na Universidade Técnica de Aachen (Alemanha, 1995 e 2000). Colaborador da revista Colóquio/Letras de Lisboa e Literatura de Brasília. Palestrante em vários congressos e encontros literários como na Kentucky Foreign Language Conference (Lexington, U.SA. 1999). Como Professor Titular [Associado II] da Universidade Federal do Ceará, tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: análise literária, poesia, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Miguel Torga, José Saramago, Literatura Portuguesa, Lêdo Ivo e geração de 45 na poesia brasileira.

Linhares Filho acerca de Moreira Campos

 Linhares Filho nos esclarece que:

Moreira Campos é escritor que explora de preferência o psicológico, sem se descuidar da paisagem que, com frequência, é tipicamente nordestina em seus contos, nem da influência das circunstâncias do meio físico e social na personalidade dos tipos que cria. A experiência das relações humanas é a grande força sobre que assenta a ficção do contista cearense, cujas histórias se valorizam pelos recursos estilísticos que usa para salientar essencialidades. A dor e precariedade humana são as grandes constantes em sua obra, as quais, algures, se apresentam envoltas numa ironia contida. O autor mostra desacreditar da bondade e heroísmo dos homens. Abate-nos, às vezes, em face da desgraça física das pessoas, da baixeza moral delas ou do absurdo da vida, os quais retrata, outras vezes nos enternece e enche de pena com o destino sofrido e as impossibilidades das personagens. [“Alguns contos de Moreira Campos” In: Regina Fiúza. (Org). A produção literária do Ceará: antologia. Fortaleza: Academia Cearense de Letras/Expressão gráfica, 2001. p. 25].

Linhares Filho pratica uma apurada exegese dos contos de Moreira Campos. Analisa a crueza do neo-realismo do ficcionista cearense, beneficiada, tanto pelas lições do escritores russos, como Tchecov, quanto pela tradição da contística em língua portuguesa como Eça de Queiroz, Machado de Assis e Graciliano Ramos. Linhares Filho investiga a ambiguidade, o erotismo, o fantástico, a crítica social e, sobretudo, as singularidades da condição humana nos contos do autor de Vidas marginais.


 Bibliografia de Linhares Filho sobre Moreira Campos:

LINHARES FILHO, J. “Moreira Campos: uma experiência de leitura - o fantástico em sua obra.” In: Ângela Gutiérrez; Vera Moraes. (Org.). Tributo a Moreira Campos e Natércia Campos. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2007.
_________________O Fantástico em Moreira Campos. Revista Café das Artes. Fortaleza, Ano II, 3, jul. 2000. P. 22-23.
_________________“O grupo Clã e a vanguarda literária.” In: Regina fiúza. (Org). A produção literária do Ceará: antologia. Fortaleza: Academia Cearense de Letras/Expressão gráfica, 2001 [destaque das obras de Artur Eduardo Benevides, Moreira Campos, João Clímaco Bezerra, Otacílio Colares].


Fatos Interessantes sobre o palestrante

  •  O Poeta Linhares Filho é autor da letra do hino do município de Lavras da Mangabeira, com a melodia por Dalva Stela.
  • Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 23 de julho de 1980, na vaga deixada por Josaphat Linhares, ocasião em que foi saudado pelo acadêmico e contista Moreira Campos. Ocupa a cadeira número 30, cujo patrono é Rocha Lima.
  • Em 1978, na UFRJ, defendeu a dissertação de Mestrado intitulada A “Outra coisa” na poesia de Fernando Pessoa, sob a orientação de Cleonice Berardinelli. O poeta pesquisou  a categoria do entre-texto da poesia ortônima e heterônima de Fernando Pessoa, privilegiando a leitura hermenêutica e apresentando soluções ontológicas para as tensões saber/não saber e sentir /pensar.
  • O poético como humanização em Miguel Torga é a tese de doutorado defendida em 1985 na UFRJ, e novamente orientada por Cleonice Berardinelli. Em um estudo crítico, o autor analisa os valores e as dimensões ontológicas e telúricas da vasta produção lírica do poeta e ficcionista português Miguel Torga.
  • Foi orientador da dissertação de mestrado do Professor e conterrâneo, Batista de Lima, intitulada Ordem e Desordem na Ficção de Moreira Campos (1993), na Universidade Federal do Ceará.


Bibliografia de Linhares Filho

Poesia

Sinatologia (1968, parceria);
Sumos do tempo (1968);
Voz das coisas (1979);
Frutos da noite de trégua (1983);
Tempo de colheita (1987);
Andanças e marinhagens (1993);
Rebuscas e reencontros (1996);
Itinerário: trinta anos de poesia (1998);
Notícias de bordo (2006);
Cantos de fuga e ancoragem (2006);
50 poemas escolhidos pelo autor (2008).
No limiar do inverno (2010);
Momentos impressivos da Terra Santa (2011);
Junto à lareira invisível (2013).

Ensaio

A metáfora do mar em Dom Casmurro (1978);
A Outra Coisa na poesia de Fernando Pessoa (1982);
Ironia, humor e latência nas Memórias Póstumas (1992);
O poético como humanização em Miguel Torga (1997);
A modernidade da poesia de Fernando Pessoa (1998);
O amor e outros aspectos em Drummond (2002).